Um bom começo
Por Claudete Machado Cerqueira
Assistimos pela televisão o drama de Caxias assolado pelo infortúnio de uma administração anterior denunciada pelos veículos de comunicação como corrupta e irresponsável. As imagens horrorosas de montanhas de lixo pelas ruas trazendo doenças e desconforto logo foram substituídas pela tragédia das chuvas que inundaram a cidade, no distrito de Xerém, desabrigando e matando muita gente. Comovia-me e angustiava-me com a expressão do prefeito eleito que buscava urgentemente encontrar soluções para tamanha tragédia! Ficava imaginando o tamanho do seu desespero ao se sentir tão impotente mediante a gravidade dos fatos que podem destruir instantaneamente uma cidade!
Conheço de perto esse sentimento! Em 2009, assim que Claudão assumiu, sofremos 3 enchentes de grandes proporções!
É doloroso saber que por mais que enviem recursos do governo estadual ou federal para se buscar voltar à normalidade, a cidade nunca se recupera totalmente e vai acumulando os danos das enchentes anteriores. Além do mais, nada poderá reparar o sofrimento de se perder as pessoas amadas, as casas, os pertences adquiridos com sacrifício e o trauma que nunca mais se apagará da mente.
Uma ansiedade tomava conta de mim ao pensar que dessa mesma fragilidade sofre Itaperuna!
Ficava monitorando o fluxo das águas imaginando de que forma nossa cidade poderia ser afetada ou teria chance de escapar das tão temidas enchentes. Mas o pior é que isso já virou uma rotina na vida do itaperunense!
Desde quando era criança já sentia esse temor! Naquela época nós morávamos numa casa alta onde atualmente é o edifício Rotary e da janela do meu quarto acompanhava o curso das águas que invadia as ruas até a altura da Avenida Cardoso Moreira. Ouvíamos todo tipo de recomendação sobre o quão perigoso era pisar naquelas águas que traziam muitas doenças e transformavam a cidade num imenso lamaçal!
Era triste e feio de ver! Era ruim sentir que uma ameaça pairava sobre nós!
Cresci. Tive que sair da cidade para estudar e quando volto em 2010 para trabalhar como secretária municipal, desejosa de colaborar com a cidade, me certifico que esses problemas se agravaram.
Pude concluir que Itaperuna só possui 2 estações do ano: a seca e as enchentes. Como se pode progredir assim?
Tratei de ouvir especialistas e buscar ajuda nos lugares certos.
Aprendi que para conseguirmos maiores recursos em verbas e equipamentos deveríamos ter uma secretaria de defesa civil única e independente. Nos empenhamos bastante em agilizar tudo o que pudesse ser feito para prevenir as tragédias com o monitoramento do prefeito Claudão que ansiava por solução. Então, podendo contar com o empenho do Coronel Douglas, do Capitão Joelson do Secretário Municipal França e a compreensão da Câmara Municipal, conseguimos realizar essa conquista. Hoje Itaperuna conta com uma secretaria de defesa civil e está apta a receber maiores recursos do governo estadual e federal. Sabemos que muito ainda existe a se fazer para melhor equipar e estruturar uma secretaria de tamanha importância para a cidade.
Fizemos reuniões com autoridades no assunto que propunham desde soluções simples às mais sofisticadas como conseguir instalar um canal Extravasor para desviar o curso das águas evitando enchentes na cidade. Porém junto a essas iniciativas deveríamos ter iniciado em janeiro de 2011 o projeto de reflorestamento de 97% de nossas matas ciliares para segurar as encostas e impedir o assoreamento dos rios. Todos sabem que o rio fica cada vez mais raso porque a água da chuva que bate nos morros sem vegetação para segurar a terra faz com essa terra se escorra e se deposite no fundo do rio tornando-o cada vez mais raso. Quando a chuva cai no rio sem profundidade a única saída das águas é se espalhar pelos arredores.
Essa proposta de proteger a cidade dos estragos causados pelas enchentes reivindica muito do governo municipal, estadual e federal, mas apela também para a conscientização da população em geral e dos órgãos de classe. É de extrema necessidade que cuidemos do lixo de nossas casas, do comércio e das ruas e é fundamental nos acostumarmos a não jogar lixo e objetos no rio. Atitudes sensatas que muito podem ajudar a cidade a se prevenir das enchentes!
Naquela época fui designada pelo prefeito Claudão a pedir uma solução ao governador para os problemas que sempre ameaçaram a cidade e ele (Sérgio Cabral) se mostrou sensibilizado, me encaminhando diretamente para a secretaria de meio ambiente pedindo a construção de um projeto que atendesse as necessidades de Itaperuna. Cheguei a mencionar o projeto do canal Extravasor que foi autorizado verbalmente pelo governador a ser desenvolvido pela mesma secretaria.
Tínhamos muitos problemas, mas os estudávamos atentamente abrindo nossas mentes para buscar a ajuda certa no lugar certo. Nesses nove meses à frente de uma secretaria municipal muito aprendi sobre a arte da política. São sinuosos os muitos caminhos que levam Itaperuna a ser contemplada com o bem que merece, mas insistimos em desenvolver a arte de descobrir os atalhos. Temos que saber claramente o que precisamos e defender com muita convicção as nossas necessidades e prioridades. É um exercício permanente de humildade, foco nas metas a serem alcançadas pelo governo e confiança nos propósitos que se tem no coração!
Infelizmente não tiveram prosseguimento nenhum dos tantos projetos assinados e iniciados pelo Claudão que iriam deslanchar em 2011 muito beneficiando nossa cidade! Lamentamos muito por esse comportamento vaidoso, individualista e absolutamente fora de propósito! Essa conduta assumida por muitos políticos já não é bem vista pela população que clama por um administrador que coloque a cidade em primeiro lugar!
Porém acreditando na sensibilidade dos itaperunenses e no desejo de ver a cidade caminhar em direção ao enfrentamento de seus problemas e em busca de soluções inteligentes, desejo ao novo prefeito Alfredão e sua equipe muito amor a Itaperuna, muita determinação e coragem para dar a cidade o que ela realmente precisa: UM BOM COMEÇO.
Por Claudete Machado Cerqueira
Publicado na Estilo OFF - Ano 6/ nº 58 - Fevereiro 2013
Publicado na Estilo OFF - Ano 6/ nº 58 - Fevereiro 2013
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