terça-feira, 24 de maio de 2011

Viagens, vinhos e amigos.O doce sabor da vida!


MENDOZA é intensa o ano inteiro!
Essa é a frase que o secretário de turismo do governo de Mendoza  mais gosta de pronunciar.
Em busca dessa intensidade, tão fácil de ser sentida, amantes do vinho de todas as partes do planeta se encontram na  famosa oitava capital mundial do vinho.
 
Situada na região centro-oeste da Argentina, Mendoza é um convite  a exercitar as aptidões dos nossos cinco sentidos. Fui descobrindo isso gradativamente ao desembarcar no aeroporto local rodeado por vinhedos tendo ao fundo a imponente Cordilheira dos Andes.
O que minha visão alcançou imediatamente se transformou em sensação me fazendo pensar: - essa cidade sabe ser anfitriã. Recebe com o que tem de melhor!
Ao chegar no hotel nosso paladar pôde reconhecer o sabor portenho do chorizzo (um bife de 450 g de contrafilé) acompanhado das tradicionais papas fritas.
Seguindo a programação fomos conhecer algumas das 980 vinícolas que existem na cidade. Elas oferecem uma verdadeira viagem ao universo do vinho. Iniciam levando-nos às belas plantações de uvas, ingressam na vinícola explicando o passo a passo da produção e finalizam com uma degustação. Ainda existe a opção de almoçar nas “bodegas” que fornecem “almoços harmonizados”, isto é, a boa combinação da gastronomia local com o tipo de vinho adequado.
Como se não bastasse, prosseguindo pela região agrícola fomos conhecer outra vocação da cidade: a olivicultura. Passeamos pelo campo repleto de oliveiras, encantados com o esplendor de uma fruta verde, tão pequena e tão poderosa que fornece azeitonas e azeites provenientes  de uma árvore que pode durar de 100 a 400 anos de existência. Pudemos degustar as iguarias e ficar felizes em pensar que, além de tudo, elas são politicamente corretas, são saudáveis e fornecem o óleo bom para o nosso corpo. Comer sem culpa! Que raro!
No dia seguinte fomos conhecer um pouco da história da cidade e transitar pelas praças, avenidas, monumentos, bares, restaurantes temáticos e cafés que conjugam gastronomia com música, canto e poesia.
O que mais me encantou na história da cidade foi concluir que apesar de todas as dificuldades, quando existe determinação, integração, boa-vontade, consciência política e participação pode-se transformar as desvantagens em grandes lucros.
Mendoza convive com opostos: deserto e neve.Possui clima de deserto,uma instabilidade climática impressionante,sofre com terremotos, não se situa à margem de  um rio para lhe abastecer diretamente do líquido mais precioso da terra, a água, e mesmo assim se transformou numa cidade de referência internacional. Por que será que tudo deu tão certo assim?
Acredito ser aquela velha fórmula do fazer mais com menos. Conhecer nossas deficiências e reconhecer nossa capacidade de encontrar soluções é uma boa maneira de se enfrentar problemas na administração da vida pessoal, empresarial e principalmente na busca do bem comum para se administrar uma cidade. O povo inca já sabia disso quando resolveu criar canais de irrigação por toda a cidade que seria abastecida pelas águas do degelo das montanhas andinas.
Para lidar com terremotos, a cada duas ou quatro quadras de habitações  construíram praças arborizadas, que servem de refúgio e protegem os moradores de maiores danos. Os prédios são baixos e existe uma proporção de 3 árvores por habitante na cidade.
Percebi no povo  local um grande respeito e admiração  pelo seu libertador, o General San Martin, herói da independência nacional e continental. Monumentos, fatos e lugares sempre o reverenciam orgulhosamente e ele é uma presença permanente na história da cidade.
Aprimorando a obra dos Incas, o homem ampliou os canais de irrigação e transformou a região em prósperos OÁSIS aptos para plantação de videiras E outras espécies atualmente em experimentação.
A cidade também oferece turismo de aventura como rafting, cavalgada e alpinismo no Monte Aconcágua,o ponto mais alto da América do Sul.
No inverno pode-se esquiar nas diversas estações de esqui e desfrutar das fontes termais.
Passear pela cordilheira até o alto do Cristo Redentor e pisar na divisa com o Chile é também um belo e gelado passeio.
Enfim, conhecer Mendoza é um reencontro com a natureza, a história e consigo mesmo.
Assim, entre tintos,brancos e rosés, apreciamos a bela paisagem, nos divertimos muito  e aprendemos que vinho é bebida singular que deve ser sentida,cheirada,olhada,degustada de uma forma especial,obedecendo a um ritual que envolve amor,amizade e celebração.


 S A Ú D E!
Tim! Tim!

Artigo publicado na Estilo OFF - abril 2011-
 Por Claudete Machado Cerqueira

Mendoza- Site oficial  http://www.turismo.mendoza.gov.ar/

segunda-feira, 16 de maio de 2011

BANCO DO BRASIL E CLAUDÃO, NÃO TEM COMPARAÇÃO!



BANCO DO BRASIL E CLAUDÃO, NÃO TEM COMPARAÇÃO!

É com muito orgulho que faço questão de contar aos funcionários do Banco do Brasil uma história de amor muito importante e diferente, um romance que exclui a fantasia e privilegia a verdade. Ele relata a admiração, a gratidão e o amor mais profundo e verdadeiro que nosso eterno CLAUDÃO nutria pelo BANCO DO BRASIL.

No dia 24 de janeiro de 1919 nasce CLÁUDIO CERQUEIRA BASTOS no distrito de Itaperuna-RJ chamado Comendador Venâncio. Lá viveu com seus pais e irmãos a vida de uma família modesta que lutava para sobreviver. O menino Cláudio trabalhava com o pai na padaria acordando de madrugada para entregar pães na roça e ao voltar ainda ajudava sua mãe, Dona Olga, a executar algumas tarefas no hotel que ela administrava para colaborar com o sustento da família. Foi crescendo e assumindo novas responsabilidades. Trabalhou numa loja, posteriormente na Estação Leopoldina, mas seu sonho dourado era ser FUNCIONÁRIO DO BANCO DO BRASIL. Até que em maio de 1942 conseguiu passar no concurso e lá iniciaria uma carreira de 35 anos de dedicação. O ingresso ao BANCO DO BRASIL lhe possibilitou se casar com Dona Zezé, sua companheira de uma vida inteira, e criar os seus 3 filhos:Cláudio Filho,Claudete e Cláudia.

Além de funcionário dedicado ao Banco do Brasil Cláudio era também um eterno apaixonado por Itaperuna. Foi ele o idealizador e construtor do CRISTO REDENTOR, cartão postal da cidade; o fundador da SOCIEDADE MUSICAL ITAPERUNENSE; o construtor das arquibancadas do PORTO ALEGRE FUTEBOL CLUBE; um grande colaborador e membro da diretoria da FUNDAÇÃO SÃO JOSÉ DO AVAHY; o idealizador e construtor do monumento que homenageia O PADRE HUMBERTO LINDELAUF e ainda numa época em que o clube chic da cidade não aceitava como sócios os pobres e negros, ele ousou criar O CLUBE RENASCENÇA e o transformou na melhor atração da cidade trazendo cantores de sucesso como Jerry Adriani, Paulo Sérgio e outros artistas de sucesso da época.

Mesmo sem ocupar qualquer cargo político, o Cláudio do BB, sempre foi uma referência política em Itaperuna por gozar de grande prestígio com a população. Ele era sempre visitado por governadores, deputados, e senadores em busca de apoio para suas candidaturas.

Somente após ter se aposentado do Banco do Brasil aceitou concorrer à prefeitura de Itaperuna. Sua vitória foi aclamada e aí se inicia uma jornada de trabalho, desenvolvimento, crescimento e progresso: a construção de uma nova Itaperuna.

Já no seu primeiro mandato a diferença se fez notar. O Cláudio do Banco do Brasil passou a ser chamado de Claudão, o homem do povo. Construiu a linda e principal avenida florida da cidade, a ponte Cláudio Cerqueira Bastos, o corte de pedra que recebe os visitantes com a frase “Guarde no coração o afeto deste povo acolhedor” e inúmeras obras que para serem descritas precisariam de muitas páginas. Certamente ele mudou a paisagem da cidade e transformou em cada vez melhor a qualidade de vida da população.

Durante toda sua vida carregou consigo o ORGULHO DE SER BANCO DO BRASIL. Era tão identificado com a sua função que com ela se misturava e se fundia.

Em tudo que acontecia ele tinha algo a acrescentar que enalteceria o amado banco.

Claudão foi o marketing vivo e mais entusiasmado que o banco do Brasil pode ter.

Quando ainda era criança lembro-me de um comentário feito por ele ao examinar meu boletim escolar. Ele observou cuidadosamente as notas e não hesitou em dizer: - Você é inteligente, estudiosa e responsável, poderá ser uma funcionária do Banco do Brasil!

Falava com tanta segurança, como se o único fato de vir a ser uma funcionária do BB fosse à condição determinante para garantir o meu sucesso e a minha felicidade na vida.

Eu ouvia seus conselhos e suas histórias de como ganhou cada promoção, cada mudança de letras, como conseguiu os empréstimos que o Banco do Brasil concedia aos seus funcionários, como vendia as férias e assim foi construindo os imóveis para alugar e aumentar seu patrimônio.

Assim que se elegeu prefeito pela primeira vez, convidou um ex-gerente do BB para ser seu chefe de gabinete. Quando perguntei a razão dessa escolha, ele firmemente respondeu que queria como assessores pessoas dedicadas, com integridade ímpar, seriedade, competência comprovada, e ele tinha certeza que profissionais assim ele encontrava no Banco do Brasil.

O Banco do Brasil sempre foi a sua meta, que depois de alcançada se tornou a sua principal dedicação. Lá ele trabalhou, viveu e foi muito feliz.

Falava do Banco do Brasil com o amor e a gratidão que um bom filho tem pelo pai.

Quando eleito prefeito de Itaperuna pela terceira vez, ele fez questão de manter a conta da prefeitura no BB, apesar da oferta tentadora dos concorrentes. Ele acreditava que o BB era o que mais beneficiava os funcionários correntistas, dando-lhes oportunidade de crescer na vida.

Contou-me, por telefone, que o BB lhe fez uma homenagem tão bonita que ele não resistiu e chorou em público!

Imagine! Não vimos papai chorar nem no enterro do meu avô!

Claudão, o highlander (guerreiro indestrutível imortal) como era carinhosamente chamado pelos jovens, faleceu dia 16 de janeiro de 2011. Era domingo. Tinha certeza que se pudesse escolher sua morte e ainda trabalhasse no banco do Brasil, ele escolheria sábado ou domingo para não faltar trabalho!

No velório do meu pai, a sociedade inteira o prestigiou enviando suas bandeiras, tais como: a do Bandeira do Brasil, a do Estado do Rio de Janeiro, a do Município de Itaperuna, a do Itaperuna Futebol Clube, do Lions, do Rotary, da Maçonaria e de muitas entidades, porém, tenho certeza que ele levou dentro do seu coração a bandeira que ele carregou honrosamente durante toda sua vida de funcionário da ativa, aposentado e prefeito por 3 vezes da cidade de Itaperuna, A BANDEIRA DO BANCO DO BRASIL.

No dia 08 de maio de 2010 quando o BB convidou o prefeito Claudão e seu secretariado para um café da manhã comemorando o aniversário da cidade, eu compareci como filha e secretária de governo da Prefeitura Municipal de Itaperuna e pude ouvir a palavra das autoridades que tão bem representavam O Banco do Brasil.

Quando me foi dada a palavra, eu peguei as mãos de meu pai, as levantei e só precisei dizer:
- Banco do Brasil e Claudão

Não tem comparação!

Todos riram descontraidamente e aplaudiram muito. Expressavam ter entendido o significado profundo dessa simples frase que mostra que credibilidade se conquista com uma história bonita de se ver, de se ouvir, de constatar e de se contar de geração a geração,assim como fez o CLÁUDIO DO BANCO DO BRASIL que se transformou no político mais carismático do Noroeste Fluminense e no prefeito mais querido de todos os tempos da história de Itaperuna, O NOSSO ETERNO CLAUDÃO.

ASSIM TERMINA COM FINAL FELIZ ESSA HISTÓRIA DE AMOR COM O BANCO DO BRASIL QUE CLAUDÃO LEVOU PARA A ETERNIDADE.

Por Claudete Machado Cerqueira

Amigos,

 Hoje, dia 16 de maio de 2011 completam 4 meses que Claudão partiu. De onde estiver sei que estará zelando por nós. Peço a todos, que estejamos unidos em pensamento e em oração, pedindo a Deus que lhe dê lugar certo em sua morada e o abençoe com a paz e a felicidade eterna.


Reserve um minuto do seu tempo, olhe para o céu e peça a Deus por Claudão!

Obrigada, Claudete e família.

.

sábado, 14 de maio de 2011

Política e Vida Pessoal.


Entre na política e veja sua vida pessoal desmoronar!

Logo, logo você terá a sensação de estar sempre no olho do furacão.

É um ritmo tão alucinante que por mais que você corra, terá sempre a sensação de ter chegado atrasado.

Sua família, seus prazeres da vida, são todos deixados de lado.

Você vive agora entorpecido 24 horas por dia, 7 dias por semana com compromissos a cumprir,pedidos a fazer e a atender.

Está completamente tomado, como diz o Funk: "Tá dominado! Tá tudo dominado!".

Alguns amigos ,que você preza tanto, se afastam de você por não ter lhes dado aquele cargo ou vantagem para o filho, a sobrinha,a amiga, a madrinha e por aí vai...Algumas dessas pessoas tão queridas deixam de agir como amigos e apoiá-lo nas corretas decisões para exigir as vantagens decorrentes da amizade.  Envenenam, criam uma rede de intrigas destruidoras de  amizade !
Se você fizer 99% poucos notarão, mas com o 1% que faltou lhe crucificarão.

o veneno é grande. A boataria difamatória encomendada lhe assalta!

Falam por você sem seu consentimento. Ofendem, magoam sem dó nem piedade!

Criam falsos orkuts em seu nome e não se importam com suas dores, suas perdas, seus amores.

Agora você virou objeto de consumo da massa. Tem que realizar anseios impossíveis e não prometidos!
Como se pode a todos agradar?

Li um texto que dizia ser a política a única arte inconciliável. Ela é tão avassaladora que ocupa todos os espaços. É viver no fogo cruzado quando você está procurando um mar de tranquilidade. Quantas contradições!

Se você gosta de trabalhar com agilidade e eficiência vai experimentar a frustração da lentidão da máquina administrativa, da burocracia que orquestra a harmonia entre os governos municipal, estadual e federal. Em alguns casos, será necessário aprender a esperar com calma e ver outros,que nem se importaram, assumir a autoria dos bons feitos  que você realizou e assisti-los delirar com os louros da glória.

Se você gosta de seriedade e competência prepare-se para  ter que enfrentar assuntos ligados à corrupção  e incompetência. Alguns ainda gostam daquela velha história do “fingem que me pagam e eu finjo que trabalho". A arraigada cultura de outrora. E se brigar por isso vai ser taxado de ser possuidor de excesso de ingenuidade e pouca inteligência política.

Se você for generoso, ignorar o mal que te fazem e não perseguir os inimigos, certamente será criticado como governante fraco e sem pulso.

Prepare-se para ser traído (muitas vezes) e nem será preciso esperar ouvir o galo cantar, como na última ceia, pois agora as traições e decepções correm à velocidade-luz.

É preciso ter coração saudável e forte, nervos de aço,grande resignação e muita coragem para investir todas as suas fichas em alguém que você promoveu, preparou, acreditou, investiu e elegeu, para em retribuição ele se transformar  no seu mais cruel inimigo e persegui-lo até a morte e pós-morte. Traem enquanto você está vivo e continuarão traindo mesmo quando você já se desligou lhes entregou o que eles queriam e partiu. É como viver o pesadelo 1, 2 e 3 sem precisar dormir!

Lembrei-me de um e-mail que me enviavam e utilizavam os termos o criador e a criatura. O criador amou e deu a vida e a criatura não manifestou nenhum reconhecimento!

 Felizes aqueles que sabem ser fiéis e ter gratidão!
Agora fico me perguntando: - Quem não é capaz de retribuir amor tem amor para dar à cidade e ao seu povo?

Tivemos o privilégio de nos sentir assim  amparados e respeitados por alguém que vivia e morria  por Itaperuna. Isso foi um marco em nossa história. É um tesouro  que nos pertence. Somos proprietários desse BEM e  queremos entregar a administração desse tesouro a alguém que saiba honrá-lo e respeitá-lo, assim como um juramento de amor eterno no dia do casamento. Quem escolher e for escolhido para essa missão que o faça com coragem e dedicação que exige:

 Mais amor ao trabalho e menos marketing;
 Mais entrega e menos desejo de poder;
 Mais humildade e menos vaidade e promoção pessoal;
Mais benfeitorias para a cidade e menos enriquecimento pessoal e principalmente mais respeito ao patrimônio público, o qual como já define o próprio nome, pertence ao povo e este, deve ser o SEU ÚNICO E MAIOR BENEFICIADO.

Não queremos uma cultura política extrativista. Não queremos ser  uma Diamantina, que administrada pelo extrangeiro-forasteiro sem nenhum vínculo ou laço com nossa terra, nossa história, nossa cultura, possa extrair nossos melhores diamantes, esvaziando-nos de nossas riquezas para a outros enriquecer.

Acredito é que todo cidadão deseja ver sua cidade crescer, prosperar, se desenvolver com planejamento, transparência, legalidade, numa ação tão integradora que possa abraçar toda população e mostrar que a prefeitura administra sim, mas a responsabilidade de zelar pela cidade e pela boa-qualidade de vida que queremos desfrutar morando nela, também requer de nós atitudes construtivas, afinal um bom vínculo pressupõe um pertencer. Deveríamos querer dizer orgulhosamente:
.
 ITAPERUNA É NOSSA CIDADE E NÓS SOMOS DE
ITAPERUNA!
Por Claudete Machado Cerqueira.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nossos Artistas Merecem




Itaperuna completa 122 anos e perguntamos: - Quem são as pessoas que ajudaram a construir a identidade cultural da cidade?

Conhecer o passado ajuda a entender o presente e possibilita planejar o futuro.

Precisamos saber quem somos conhecer nossas origens, relembrar todo percurso realizado para entender onde estamos e aonde queremos chegar. Porém, em nosso caso, queremos lembrar para registrar, homenagear, valorizar, eternizar os talentos da nossa gente que com seus maravilhosos dons artísticos transformam nossa cidade num lugar mais sensível, humano e agradável para se viver.

Desde criança me encantava com os músicos, pianistas, cantores, compositores, poetas e pintores da cidade.

Quem, na faixa dos cinquenta, sessenta anos não teve o privilégio de estudar música com os famosos José Carlos Ligiero, Sr Amadinho, as Irmãs Cerqueira, Dona Catarina e Dona Conceição de Maria? De estudar pintura com Dona Marta Garcia e Dona Elisa. Quem não leu os artigos do Geraldo Guimarães no Correio do Norte Fluminense?

Quem não ouviu o vozeirão de Edel Marcos nas lindas serestas? E as poesias de Dona Flora, Renaut Boechat, Dário Boechat Pinto, Dr Caio Buarque de Nazareth?!

Quem não se lembra das alvoradas da Sociedade Musical Itaperunense?!

Quem consegue esquecer o som do violino do Maestro Chiquito e do órgão da Dona Cordélia na Matriz São José do Avahy? As lindas vozes do Dr. José Aguinaldo, Josino Dutra, Maria Helena Estepham, Nelma Pinto e Terezinha Rangel?

E as domingueiras e os bailes ao som dos The Shines, dos Milionários e dos The Smokers?! Neles vimos muitos namoros evoluírem para casamento e alguns ainda se mantém até hoje, inclusive o meu.

Esses artistas que enriqueceram a nossa vida pessoal e a vida da cidade não poderiam ficar apenas em nossas memórias correndo o risco do esquecimento, portanto seguindo o ditado popular que diz que o que é bom deve ser lembrado, eu enfatizo que deve ser devidamente registrado como precioso documento de identidade da nossa história. Tive o privilégio de escrever o projeto TARDE DA MEMÓRIA CULTURAL conjuntamente com a criação da GALERIA DOS IMORTAIS.

Valendo-me do respaldo da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal de Itaperuna, no período de abril a dezembro de 2010, esse sonho saiu da imaginação para se tornar realidade no dia 26 de agosto de 2010, última quinta-feira do mês, graças ao apoio do Prefeito Municipal Cláudio Cerqueira Bastos, do Secretário Eduardo Suisso de Novaes e da competentíssima e incansável Diretora de Cultura Elizabeth Vitória Rezende.

Na primeira tarde da memória cultural nosso eterno Claudão inaugura a Sala de Cultura - Espaço das Artes, feito inédito, local aberto a propagação de eventos culturais, propiciando concertos e encontros intelectuais e artísticos e abrigando a GALERIA DOS IMORTAIS. As paredes dessa sala agora podem contar a história de quem fez e faz a cultura itaperunense acontecer. Pela primeira vez na história de nossa cidade os familiares se revelavam felizes, emocionados às lágrimas e comovidos pelo reconhecimento que na maioria das vezes o artista não consegue receber. Gratifiquei-me ao ouvir em depoimento Nelma Pinto agradecer por ter sido homenageada em vida.

Os artistas contemporâneos também lá encontram o seu lugar de identificação, reflexão e desenvolvimento de novas tendências.

Tivemos a honra de realizar quatro inesquecíveis TARDES DA MEMÓRIA CULTURAL, encontros de música, poesia, arte e magia.

Foram eternizados os seguintes artistas:

-Lista dos Homenageados da 1ª TARDE-

Sociedade Musical Itaperunense
1- Cláudio Cerqueira Bastos - Músico,Compositor,Instrumentista e Fundador da Sociedade Musical Itaperunense;
2- Maestro José Carlos Ligiero - Maestro, Compositor e Fundador da Sociedade Musical Itaperunense;
3- Francisco Gomes do Carmo – Maestro Chiquito – Maestro, Compositor, Violinista:
4- Amado Pereira de Cerqueira - Músico, Professor e Compositor;
5- Maria Catharina Pinto –Compositora, Escritora, Professora de Música, Cantora, Regente de Coral;
6- Dário Boechat Pinto- Poeta
7- Conceição de Maria Senra Coutinho Rezende – Professora de Piano e Musicista.
8- Renaud Boechat – O Poeta da Avenida.
9- Edel Marcos - Cantor
10- Flora Malta Carpi - Escritora
11- Martha Garcia Soares – Pintora, Escritora
12- Aquiles Andrade - Escritor
13- Dulce Diniz - Escritora
14- José Sebastião Jorge – DAMADÁ - Artista Plástico e Designer Gráfico
15- Abimar Garcia Ferreira – O Poeta Solitário
16- Edmo de Abreu – Músico e Maestro

-Lista dos Homenageados da 2ª TARDE-

Grupo Tupy Jazz
1- Caio Buarque de Nazareth – Poeta e Escritor
2- Cordélia Catharina Tinoco – Pianista , Organista e Regente de Coral.
3- Elisa Guimarães – Artista Plástica.
4- Tadeu Fernandes – Compositor e Cantor.
5- Geraldo Guimarães – Escritor e Jornalista.
6- Anna Maria de Cerqueira Gomes – Pianista.
7- Josino Dutra Botelho – Cantor
8- José Aguinaldo de Paula – Cantor.
9- Ricardo Marcos- Kadin do Edel – Compositor, Instrumentista e Cantor.
10- Terezinha de Jesus Rangel de Almeida – Cantora.
11- Válber Meireles – Cantor e Compositor
12- Maria Luzia de Cerqueira Rabelo - Pianista.

-Lista dos Homenageados da 3ª TARDE-

Grupo The Shines
1- Regina Coeli Silva Costa – Escritora
2- Carlos Alberto Inácio- Carlinhos Promoções - Cantor
3- Carmem Catharina Horr – Artista Plástica
4- Luiz Plauto Alves de Oliveira Pinto- Escritor
5-Francisco de Assis Sales Barbosa- Tecladista, Guitarrista e Cantor
6- Beth Ximenes - Artista Plástica
7- Flávio Dutra – Pianista, Concertista, Regente de Coral e Professor.
8- Alexsandro Rosa de Souza – Músico, Professor e Regente.

-Lista dos Homenageados da 4ª TARDE-

Taba dos Puris
1- Nelson Magalhães Pinto– Escritor
2- Renê Zanelli- Violinista
3- Maria Helena Estepham de Castro – Cantora
4- Eronilde Costa de Oliveira – Músico
5- Nelma Bastos Tinoco - Cantora
6- Maria Elizabeth Macedo de Faria - Escritora e Cantora
7- Cristian Tardin– Professor de Desenho Artístico, Desenhista e Pintor.
8 – Gilberto Sueth – Músico, Pianista, Saxofonista, Professor.

Infelizmente, com a morte do Claudão, não sabemos o rumo que será dado a esse projeto, porém queremos acreditar que esse trabalho terá a devida continuidade.Pensamos que ACIMA DE TUDO está a nossa responsabilidade em aprender a escrever a nossa história cultural homenageando os artistas que fazem diferença e merecem SER VALORIZADOS E ETERNIZADOS ! .

PARABÉNS I T A P E R U NA
COM SEUS TALENTOSOS ARTISTAS !!!.

Por Claudete Machado Cerqueira
- publicado na Revista Estilo Off -
mês de maio 2011

Fonte: http://outrarevista.blogspot.com/2011/05/nossos-artistas-merecem-claudete.html
.

MARCAS QUE DEIXAMOS



Vivenciar a morte nos faz refletir sobre o que realmente importa na vida. Acompanhei a trajetória do meu pai desde criança, quando ele dizia não poder se envolver em política por ser um funcionário do Banco do Brasil. Mas, se ele não era político, por que recebia em nossa casa os grandes nomes da política do Estado do Rio de Janeiro? Na nossa sala de estar vi meu pai receber governadores, deputados e senadores. Por lá passaram Amaral Peixoto, Celso Peçanha, Moreira Franco, César Maia e muitos deputados de Brasília e da capital. Todos iam a Itaperuna pedir apoio ao Claudio Cerqueira Bastos. Quantas vezes acompanhei meu pai ao palácio do Ingá, (pois Niterói ainda era a capital do Estado do Rio de Janeiro) e lá ele era recebido atenciosamente pelo governador e pelos deputados. Logo após a audiência os políticos se reuniam para almoçar ou jantar no restaurante Monteiro. E lá íamos nós, todos aqueles políticos importantes, meu pai e eu.

Naquela época nos hospedávamos no hotel Imperial e frequentávamos lugares bonitos para falar com pessoas importantes. Eu, ainda menina, não entendia a razão pela qual meu pai (não sendo prefeito nem vereador) se preocupava tanto em ajudar pessoas e pedir benfeitorias para a cidade.

Dedicou-se a eleger deputados como Rubens Ferraz e alavancou a primeira vitoriosa campanha que faria de Moreira Franco um deputado federal. Apoiou muitos políticos. Somente depois de aposentado do Banco do Brasil assumiu sua verdadeira vocação de "homem do povo". Começou tarde sua carreira política, segundo os padrões convencionais, mas ele nunca foi homem de se encaixar em padrões. Ousava, confiava e vencia. Assim foi dando significado à sua vida, à medida que enchia de significado a vida de muitas pessoas... de uma população. Eu admirava o modo como ele se relacionava com as pessoas, a sua boa educação, a sua voz suave, o seu perfume francês habit rouge da guerlan e os seus elegantes ternos de linho branco. Como ele podia ser tão simples e tão sofisticado ao mesmo tempo? Como aquele homem que circulava no palácio do governador, voltava para a sua cidade, colocava o seu chapéu de panamá para se proteger do forte sol e ia levar pessoalmente pão com mortadela e guaraná para os operários que trabalhavam nas obras que construíam uma nova Itaperuna? Cresci vendo o meu pai amar e se entregar a essa cidade, mas mesmo assim ele encontrava tempo para a família, para a banda de música, para o Porto Alegre Futebol Clube, para a AABB, para o Renascença e principalmente para colocar no mais alto dos morros o Cristo Redentor. Em todos esses momentos de extrema felicidade eu estava lá compartilhando a sua alegria. Ficava feliz por ele! Achava lindo vê-lo se sentir assim! Parecia pleno e irradiante! Existia entre nós tanta afinidade que nos entendíamos sem precisar falar, assim mesmo gostávamos muito de conversar. Eu olhava para aqueles olhos cor de mel e concluía: é bom se sentir assim! Dele herdei o dom da música, o dom da palavra, o dom do trabalho, o dom da coragem e principalmente o dom de fazer mais com menos nas horas difíceis. Agora que ele partiu sei que vou sentir saudades! Não posso ver um velhinho de chapéu que me vem o impulso de ir correndo ao seu encontro. Ainda pego o celular para ligar para ele enquanto caminho na praia.

Ainda me pego indo comprar bolo de nozes e bacalhau para ele comer. Eu gostava de alimentar saborosamente seu corpo tão magrinho e ele sabia alimentar minha alma com suas histórias, seus comentários divertidos, seu senso protetor, seu amor e sua confiança em mim. Ele se preocupava com o meu futuro e as incertezas da vida. Sonhou para mim muitos sonhos, mas sabia que minha vida só teria graça se eu mesma cuidasse disso. Respeitou e apoiou todas as minhas decisões, ainda que não concordasse com algumas delas. Soube ser o pai que eu queria, que eu precisava e que eu amava tanto! Agora que ele já não está mais ao meu lado, viverá para sempre dentro do meu coração! Partiu deixando em mim a certeza de que tudo na vida passa, mas o que realmente fica são as marcas dos bons relacionamentos que construímos ao longo da vida. Ele se foi carregando uma linda bagagem de amor e deixou sua marca dentro dos nossos corações e em todos os cantos da sua amada Itaperuna!

Por Claudete Machado Cerqueira / Stillo Off / Março 2011

.