quinta-feira, 7 de julho de 2011

Por onde andei, pensei em você!


Viajar... Conhecer países, cidades e lugarejos, nos permite vivenciar o que há de melhor em cada cultura.
Atenta ao modo como as cidades são formadas, planejadas ou não, criando beleza para os olhos de quem as vê e seguindo o curso da sua história, observo também as partes que formam o todo e montam o quebra-cabeças da busca pela beleza e qualidade de vida que faz de cada cidade um bom lugar para se visitar, admirar  e principalmente, o local escolhido para se morar.

E é isso que encanta e fascina, porque em todos os lugares por onde andei, me senti tocada de alguma forma, pelo jeito especial que cada povo tem de levar a vida. Então, a viagem, que deveria ser apenas um tempo de descanso e diversão, assume várias formas de reflexão, identificação de emoções e novos aprendizados.
Partindo do princípio do ditado popular que prega para que em Roma se viva como os Romanos, sigo viagem querendo desfrutar o que cada cultura tem a oferecer.
Neste mês de maio, resolvi aprofundar o encontro com minhas raízes e parti para descobrir e aproveitar os encantos e sabores da Península Ibérica.

A cada nova cidade que conhecia, não resistia à tentação de analisar os vários aspectos que a qualificariam como interessante, irresistível, inteligente ou apenas agradável.
Cada ítem foi levado em consideração, tais como: o modo como as cidades são projetadas; o funcionamento dos serviços básicos que facilitam o dia-a-dia da população; os cuidados preventivos e curativos com a saúde; a forma  de conduzir os programas educacionais; os bem-desenvolvidos programas sociais buscando aumentar o poder aquisitivo das classes menos abastadas; o lugar de destaque que ocupa a agricultura; o trânsito fluente, as muitas opções de se chegar mais rápido aonde se pretende ir; a segurança de se poder ir e vir sem medo de ser roubado ou agredido; o embelezamento municipal com parques e jardins; as lindas ruas e avenidas com árvores floridas até mesmo árvores frutíferas para exalar um agradável odor pelo ar. São cidades com identidade visual, olfativa, táctil, gustativa e auditiva, que se tornam perfeitamente viáveis com projetos de urbanismo, paisagismo, reflorestamento, aclimatamento, saúde auditiva (que respeita o nível permitido de sons e substitui os ruídos maléficos por boa música e concertos ao ar livre) e lazer construtivo, desenvolvido por programas culturais e desportivos de qualidade.

Tudo é levado em conta para se fazer da cidade um lugar, que desperte em cada visitante, o desejo de nela morar ou de sempre querer voltar, e, ainda, poder ser sentida por seus habitantes como seu verdadeiro lar! 
O conjunto de ações que despertam tantas sensações pode ser percebido no prazer de se apreciar os monumentos históricos bem preservados e notar a cultura, em todos os momentos, dando o tom da alegria, diversão, criatividade e entusiasmo.

A religiosidade é valorizada e respeitada.
O tradicional é reverenciado e convive em perfeita harmonia com a contemporaneidade.
Tudo é criteriosamente estudado e planejado para se transformar o feio em bonito, o ruim em bom.
Isso é sonho? Não, é realidade constatada.

Ao chegar em Lisboa me surpreendi com a tranqüilidade e limpeza de uma capital internacional, que apesar da crise financeira, mantém o turismo em  alta. Assim que fomos recepcionados se apressaram em nos tranqüilizar que poderíamos usar inclusive o metrô em qualquer horário sem preocupações com a segurança. Fato comprovado e aprovado.

Decidimos ir ao shopping Vasco da Gama, ao lado da praça das nações e almoçamos no restaurante Serra da Estrela. Ao lermos o cardápio fiquei em dúvida se falávamos o mesmo idioma. Tivemos que transformar o garçom numa espécie de intérprete para nos explicar o que era: Chanfana à regional; Favas à serrana; Misto de enchidos com batata salteada e migas; Morcela de seia com grelos salteados; Entremeada à serrana e Jardineira de chocos. O único prato que consegui acertar foi o BACALHAU COM NATAS. Aliás, o bacalhau português, oferecido em 21 receitas diferentes, merece a boa fama que tem!

Conhecer a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerônimos, e provar os tradicionais pastéis de Belém é passeio obrigatório.
À noite quem poderia resistir a um jantar regado a vinhos, caldo verde, bacalhau e de sobremesa um toucinho do céu?! Ouvimos os fados interpretados por duas cantoras e um cantor e assistimos as danças folclóricas portuguesas no restaurante típico O Forcado.
Tudo simples, mas de boa qualidade e autêntico!

É mesmo emocionante entender de onde vem a nossa fé, a mesa farta que sempre recebe mais um e o sentido de família que tem o lar como continente, como porto seguro.
“É uma casa portuguesa, com certeza, com certeza é uma casa portuguesa!”  
Em todos os lugares muita informação. É louvável ouvir um povo que sabe contar orgulhosamente a sua história!

Fomos para a serra conhecer Sintra, uma vila tombada pelo patrimônio histórico, que guarda marcas do Império Romano, do domínio Árabe e da época áurea dos Reis de Portugal. Próxima a Lisboa, foi tida como residência de verão dos reis portugueses. Mais uma vez voltamos no tempo visitando o castelo e as muralhas que restaram. Para descansar fomos provar o famoso travesseiro, um doce de massa folhada, recheada com creme de ovos e amêndoas e decorado com açúcar de confeiteiro.

Em seguida partimos em direção a Cascais e Estoril. Lindas cidades que conjugam sabiamente o veraneio, com um toque de sofisticação e a atração dos cassinos. Quantos ricos deixam lá seus muitos euros? Eles entenderam a vocação da cidade e disso se valeram para alavancar receita.

Seguindo viagem visitamos Obidos, uma bela vila do século XII, que ainda guarda a sedução da Monarquia.
Em Nazareth e Fátima, constatamos os milagres da fé!
Braga e Guimarães com seus castelos, seus jardins e seus encantos!

Na cidade do Porto me deliciei com a degustação de seus vinhos internacionalmente conhecidos, a boa qualidade da culinária local, o seu prato típico (a francesinha), o belo passeio de barco. Mas o que mais admirei foi a linda iluminação noturna, colorindo monumentos e a natureza, fazendo realçar toda a beleza da cidade!

Em Coimbra nos certificamos do valor e do cuidado que o povo português tem com sua memória!
A beleza das árvores de jacarandá com suas flores lilás por toda Lisboa e Huelva, retratam momentos de inesquecível beleza!

De Sevilha à Granada, as estradas em ótimo estado de conservação, eram ornamentadas por uma cerca viva de espirradeiras brancas e cor-de-rosa em toda sua extensão! À direita, avistávamos lindos campos de oliveiras, plantações de girassóis, uvas, figos e outras mais, que iam mudando de acordo com a região. Tudo isso mostrava como cada pedaço de terra era devidamente trabalhado!
Em Sevilha dá-se o tom do flamenco!

Granada, situada no sopé da serra nevada, importante estação de esqui, se impõe uma bela cidade enfeitada por laranjeiras que dão a cor do sol e exalam alegria pelo ar!
Barcelona transpira Gaudi e se alimenta, dos Tapas com Cañas, da Paella, do Jamon, das Touradas e do mais belo espetáculo de Águas Dançantes que já assisti! Cidade linda, surpreendente, arrebatadora!

Valença, uma das cinco maiores cidades da Espanha, que é o segundo maior país da Europa, dentre muitas atrações, apresenta a Cidade das Artes e da Ciência, obra do genial arquiteto Santiago Calatrava, a Ponte das Flores, o Palácio da Música, surpreendentes Espetáculos de Pirotecnia, 5 km que restaram das Antigas Muralhas que cercavam a cidade, sua renomada Universidade e o Museu de Belas artes que contém um belo acervo de pintura gótica e muito mais.
Outro fato relevante a acrescentar: a cidade tem como governante uma mulher, uma prefeita!

Madri com suas praças, jardins, parques, monumentos e museus sempre lotados, integram arte, história e bem-viver! Mas o que mais me chamou a atenção foi o trabalho de limpeza urbana. Presenciei a cena em que os funcionários devidamente uniformizados varriam, esfregavam e desinfetavam com forte jato de mangueira as calçadas e ruas da cidade. Uma bela noção de SANITARISMO, investimento alto que se paga, pois a cidade limpa protege a população contra doenças.

Enfim, cada cidade com seus atributos cria uma personalidade própria podendo expressar seu coração e sua alma! Vivenciá-las despertou em mim a velha convicção de que sempre existe uma nova forma de se melhorar.
Tudo isso me tocou e me remeteu ao tempo em que tão entusiasmadamente e orgulhosa do potencial da nossa cidade e da região noroeste-fluminense, me empenhei em participar dos Seminários da RIONOR, ouvindo, aprendendo, escrevendo, criando e compartilhando nossas idéias de como tornar Itaperuna um lugar cada vez melhor de se viver!

Durante toda a viagem, na qual embarquei para me distanciar, me peguei, a todo momento, analisando modelos, desenhando novas paisagens, criando soluções, no intuito de entender a nossa vocação e desejando que nossa cidade venha a ter a sua própria assinatura e o lugar de destaque que merece!

De repente me pego cantando Herbert Vianna:
“Aonde quer que eu vá, levo você no olhar...”
É isso! Entendi!
Viajei pra tão longe e em nenhum momento saí daqui!
Pude então compreender o meu nível de comprometimento com Itaperuna e o quanto os nossos laços são estreitos e inseparáveis.
Portanto só me resta dizer que:
POR ONDE EU ANDEI, PENSEI EM VOCÊ!

Por Claudete Machado Cerqueira, em 24 de junho de 2011.
Publicado na Revista Estilo OFF - Julho/ 2011
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Um comentário:

  1. Oi Claudete, Nao há quem nao viaje nesse texto e te acompanhe como uma sombra vendo pelo seu olhar feminino, delicado, divino, as belezas infinitas da mão de Deus. Um primor. Um colosso. Um tributo a majestosa criação de Deus e dos homens de boa-vontade. É pena que não há muitos, foi Jesus quem afirmou, que tem olhos mas nao vêem e tem ouvidos mas nao ouvem. Itaperuna precisa sonhar os seus sonhos e descobrir na filha ilustre essa fonte tão linda de sinceridade e amor que você resumiu tão bem: por onde andei, pensei em você. Mais não se podia dizer. Parabéns. Obrigado pelo lindo texto. Deus te abençoe!

    MCrivella Deus te Abençoe!
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