domingo, 20 de maio de 2012

História de uma linda moça...





Publicado em 09/05/2012 por
Claudete Cerqueira recita poema de Geraldo Alvim e Luiz Gonzaga Nuss Teixeira por ocasião da reunião semanal da Associação Voluntários Amigos de Itaperuna - AVAI - no dia 08 de maio de 2012, antevéspera do 123º aniversário de Itaperuna. Cujos autores são Presidente e Vice-presidente da Associação.

Estava chovendo, por isso barulho ao fundo.
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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mães descoladas…avós antenadas e bisas encantadas!



Mães descoladas…avós antenadas e bisas encantadas! 
Por Claudete Machado Cerqueira 
     
                          
                                              Lasar Segall - maternidade 1931


Quando minha primeira filha nasceu fui arrebatada por uma emoção tão forte que me fez compreender a dimensão da maternidade. Experimentei  sensações que se apoderaram de todos os meus sentidos, mas mesmo assim eu não conseguiria descrevê-las!

Na tentativa de transformar esse momento em imagens poderia dizer que a chegada daquela criança se traduzia em corações em festa, celebração grandiosa como um céu de réveillon na praia de Copacabana com todos aqueles fogos de artifício, luz, cores, sons e formas explodindo, se derramando e desenhando o céu. Era verão e por coincidência, véspera de ano-novo e a cidade já iniciava suas comemorações em ritmo de carnaval.

Meu primeiro e único ano-novo dentro de um hospital foi o melhor de toda a minha vida! À meia-noite, ao som dos fogos, agradecida e temerosa ao mesmo tempo com a missão que eu recebia, pedia a Deus que me orientasse, protegesse minha filha e fizesse de mim uma boa mãe.

Dois anos e meio se passaram e mais uma pessoa chegava para ampliar e concluir nosso projeto de construção familiar: nascia nossa segunda filha! Porém desta vez vivi a mesma forte emoção de forma completamente diferente. A sensação de beleza imensa vinha revestida de pura mansidão! Tinha o sabor do friozinho aconchegante das noites de inverno na serra, em frente à lareira, olhando a linda lua cheia refletida num lago azul, ouvindo  serenata de Schubert em harmonia com os sons da natureza. Cabiam aqui perfeitamente as frases de Luiz Vieira: “parto de ternura, paz do meu amor”.

Quando a vida me surpreendeu anunciando que chegou a hora de me tornar uma avó sofri um tremendo impacto. Estava feliz, mas confusa! Como isso podia acontecer comigo? Ainda me sentia tão jovem e não estava preparada para administrar tantas situações ao mesmo tempo!” Me sentia no olho do furacão!  

Tive que admitir que cinquenta e poucos anos se passaram e agora eu era uma cidadã de meia-idade. Essa frase clichê inicialmente me trouxe uma carga horrível. Puxa vida, logo eu que me empenho tanto em ser uma pessoa atualizada... O que isso tem a ver? Mas, fui me acalmando, assimilando os fatos, focando o lado bom dos acontecimentos e então pude entender e me apoderar da graça que me foi enviada.

A gravidez de minha primeira filha me fez reviver todas as alegrias e inquietações de minhas duas gravidezes, porém com muito mais leveza.

Chegou a hora do parto!

Quando vi meu neto pela primeira vez fui tomada por uma sensação de encantamento e gratidão a Deus que mais uma vez nos abençoava! Nascia João Gabriel transformando nossas vidas num oceano de amor! Assim que o peguei no colo, imediatamente improvisei uma breve e amorosa canção de ninar: ”João Gabriel, João Gabriel, menino amado, presente do céu!”
Na minha cabeça um filme se passava ao som do meu agitado coração!
Era uma mistura de sonoridade imponente de uma orquestra sinfônica com sons muito suaves de uma caixinha de música!

 É assim... os sentimentos brotam!

Sabemos ser filhas e aprendemos com nossas mães que a maternidade é experimentar um amor sem limites! Cada filho que chega é amado de forma única! Podemos ter mais afinidade ou facilidade de comunicação com um ou outro, mas o amor que pertence a cada um deles é indiscutível!

É possível exercer a maternidade (no seu mais amplo conceito) de muitas formas. Existem mães biológicas, mães adotivas, tias, madrinhas, professoras, avós e até madrastas que  podem se revelar ótimas mães!

Penso nas enfermeiras, que parecem fazer de cada ser frágil e acamado nos hospitais, um filho seu! Nos padres, freiras e voluntários que recolhem órfãos e lhes dão um lar, uma família, uma profissão.

E o mais incrível é podermos constatar que nos dias atuais alguns homens têm assumido a guarda dos seus filhos e os criam lhes dedicando todo amor que a mãe não pode lhes dar.

O mundo mudou... a família mudou e assume as mais diferentes combinações.
Vemos mães descoladas, trabalhadoras e produtivas. Também encontramos  mulheres que assumem categoricamente que não desejam ser mães. Que bom quando a maternidade pode ser uma escolha!

Na versão atual das avós encontramos mulheres cada vez mais “antenadas”, ocupadíssimas com sua agenda, no auge de suas carreiras ou ocupadas com sonhos a realizar, mas que sempre encontram um tempo pra falar e conviver com os netos! Se alguém perguntar por eles tem assunto pra noite inteira.... Cá pra nós, vamos nos tocar que deve ser uma chatice ter que aturar tanto deslumbramento!

Fato maravilhoso dessa geração é a presença gloriosa das bisas!

Elas surgem e se multiplicam no cenário, cada vez mais orgulhosas e fascinadas  em poder vivenciar a maternidade se expandindo e atravessando gerações. Poder conviver com elas e desfrutar do amor que só elas sabem dar, é realmente uma dádiva!

Amar, acolher, proteger, orientar, fazer com que o outro se sinta bem-vindo e desejado pode fazer toda diferença! Experimentar a sensação protetora e integradora que o amor materno pode propiciar é algo determinante na vida de uma criança.

Ao nos tornarmos mães, avós e bisavós podemos confirmar a nossa verdadeira arte de amar!

Parabéns às mães descoladas, avós antenadas e bisas encantadas que com o ingrediente mais precioso da criação, “o amor” , encontram remédio para todos os males, transformam em doçura as amarguras da vida e quando sentimos medo da escuridão,  sabem nos mostrar as estrelas reluzentes no céu!

Parabéns a todos que exercem de alguma forma a maternidade!

FELIZ DIA DAS MÃES!

 Por Claudete Machado Cerqueira
 Publicado na Estilo OFF - Maio 2012